segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O verdadeiro final de "O cego e o publicitário"

Em uma praça de Paris, havia um indigente cujo a placa que segurava dizia “sou cego. Por favor, me ajude”. Seus dias não rendiam mais do que alguns francos [sim, essa história é antiga]. Certo dia, passava por aquela praça um publicitário, ele parou, observou aquele cego por algum tempo e resolveu se aproximar.

- Senhor, se importa de eu reescrever a sua frase? perguntou ele.
- Pode ir em frente, respondeu o cego.

Alguns dias depois, o publicitário voltou àquela praça e ficou contente de ver o chapéu do cego mais farto de moedas e cédulas, ele se aproximou e o cego perguntou:

- Oi, por acaso você é o homem que reescreveu a minha frase?
- Sim, respondeu o publicitário.
- Muito obrigado! Mas, por favor, me diga o que está escrito.
- “É primavera e eu não posso ver”.
- Entendo...

O cego parou por um instante, com o cenho fechado, aspecto pensativo. Depois falou.

- O senhor poderia mudar o que escreveu?
- O que? Mas por que? O senhor está ganhando muito mais do que antes.

O cego sorriu, e depois respondeu docemente.

- Meu caro jovem, meus olhos não me permitem ver a primavera, mas eu a sinto, sinto no aroma das flores que paira pelo ar, sinto na alegria que emana das pessoas, nos sussurros dos enamorados, na brisa e no calor do sol que tocam o meu rosto. Talvez eu sinta melhor a primavera do que muitos que podem vê-la.

O publicitário pensou nisso, e viu como era verdade, ele mesmo nunca havia reparado em tais belezas ocultas em um dia primaveril. Decidiu mudar a frase do velho cego.

- Muito bem, endendo o que disse, mas o que quer que eu escreva?
- Apenas diga, "Sua ajuda não me fará ver novamente, mas fará meu coração sorrir."

Ele escreveu essa frase, depois levantou-se e ao sair colocou alguns trocados no chapéu, e foi embora sorrindo, com a brisa e o sol em seu rosto...