segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Velhuscos, ah, meus velhos.



Velhuscos são aqueles caras (ou aquelas) que passam pela tua vida e te ensinam algo. Claro, muito gente ensina algo, porém aqui eu me refiro à aqueles que nada ganham em troca.
São aqueles que não são teus parentes, ou professores, ou algo do gênero.
Velhuscos são aqueles que apenas estão seguindo sua vida, e por um momento ou outro, ela se cruza com a tua. E nesse infimo momento, ele te ensina algo que tu vai levar para o resto dos teus dias.
Velhuscos ensinam, com palavras belas e sábias, por exemplos sem a intenção de ser. Só ensinam, pois são velhuscos.

Velhuscos são raros, não se engane. Aquilo que um velhusco ensina é um conhecimento solene, e não apenas um modismo da era.
Velhuscos te fazem aprender mais sobre ética, moral e humanismo do que qualquer outro professor. Não, nada daquele falso moralismo, aquilo bonitinho de se ouvir e nunca colocado em prática. Um velhusco realmente ensina sobre a vida, com as limitações que a própria vida trás.

Velhuscos podem ser chatos, podem ser legais, podem ser velhos, ou nem tanto.
Tu nunca vai esquecer um velhusco, nunca vai deixar de sentir o que ele te ensinar.

Dois velhuscos, tive eu. Um se foi no tempo, outro se foi na vida.
Velhuscos são sempre ótimos, não há como serem diferentes.
Meus velhuscos, que saudades. Me deram base e nunca foram isso, pois velhuscos não devem ser.
Velhuscos vão em frente, sempre. Velhuscos apontam e sussurram, sorriem e seguem o caminho.
Velhuscos te seguram ao correr, e te empurram ao parar.

Velhuscos, ah, meus velhos.



domingo, 26 de fevereiro de 2012

Música para um bom domingo

La Fame Di Camilla - Buio e Luce

 

 Escuridão e Luz. Razão e Loucura. Vida e Vida.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Vintage People [Demo] - Eisley

      

Um som pra terminar a noite.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Tempo, o deus


Tudo não passou de um sonho, porém parecia tão real, era tão real, que verdadeiramente aconteceu.
O dia estava frio, e o rapaz acompanhava uma jovem até a sua casa. Nada demais, já fizera aquele caminho antes, e esperava ainda fazê-lo muitas vezes.

Cronus, porém, não estava satisfeito com esse desejo mundano do rapaz. E quando Cronus não está satisfeito, corra, apenas corra, antes que o tempo consiga  alcança-lo.

Era um rapaz comum, de modos comuns, vida comum, desejos comuns. Um rapaz ordinário, no sentido original da palavra. E era isso o que perturbava o grande deus do tempo, pois a garota de comum, nada possuía. E ele a queria.

Cronus tentou mata-lo, por diversas vezes ele tentou. Mas algo além do tempo o impedia. Não, não era nada disso de amor e essas baboseiras filosóficas, era algo profundo, vindo do caos. A vida do guri estava salva, e Cronus soube que nada poderia fazer a esse respeito.

A garota, entretanto, não estava longe o suficiente das garras do tempo. Foi agarrada e arremessada como uma boneca de pano. Transformou-se em nada mais do que um fantoche nas mãos hábeis do deus.
Ele, com todo o sentimento que uma divindade pode sentir, feriu o garoto. Estilhaçou sua mente e partiu sua alma. O corpo intacto, nada mais do que uma casca vazia.

Isso o marcou com a aura da morte. Cronus, adentrou seu pensamento e deixou escorrer o seu poder.
Eras foram envelhecidas em instantes, e os olhos do rapaz se tornaram opacos. Verdades, mentiras, metades, guerras, mortes, vidas, o infinito e a eternidade, o Alpha e o Ômega.

O podre e ordinário rapaz se tornou o próprio conhecimento. O tiro pela culatra do tempo.


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Apenas palavras


E nada mais que isso, não é?

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O inevitável é uma cobra buscando a própria cauda


Eu sou um fantasma, meu bem.
O que espera que eu faça além de assombra-la?
Ando com as correntes que me destes, fazendo barulhos desritimados pelos corredores.
Conheci a sua alma em um cruzamento em uma estrada escura. Tu foste uma macumba mal feita. A oferenda que foi maculada.
Eu apenas acendi a vela, o incêndio foi por sua própria conta. A tua alma havia sido avisada, mas nunca me ouviste.
Encontrou o caminho, e me matou. Oh, vagante ingrato. Me acorrentaste aos ponteiros do tempo e beijou minha testa.
Mas o tempo, ah, tu não o conheces como eu. Muito menos possui a mesma intimidade. Ele me libertou do meu corpo, e agora venho, com ranger de dentes, para lhe perturbar.

Eu sou um fantasma, meus caros, e não há nada mais vivo do que eu.


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Meus caros ateus, e meus caros religiosos, me escutem eu peço


Houve uma época em que eu achava os crentes religiosos fanáticos um saco, e eles eram mesmo. Hoje em dia os crentes ateus fanáticos que possuem tal cargo de chateação.
Porque, convenhamos, mais irritante do que ver um monte de pessoas dizendo que deus é a verdade absoluta, é ver outro monte de pessoas respondendo que Ele é a mentira completa.

Ambos se dizem os donos da verdade e querem por que querem que o mundo seja à sua imagem e semelhança. Sinto muito, meu caro, mas não é tão fácil assim.
A algum tempo atrás a maioria dos ateus que eu conhecia viviam suas vidas normalmente, e uma boa parte dos religiosos também. Entretanto em algum momento uma guerrinha imbecil começou. Acho que aquele povo que ia na tua casa pregar a palavra de deus se rebelou, virou ateu, e agora vive pregando contra qualquer religião já existente.

Aquele tipo de pessoa que é capaz de vasculhar livros de história pra achar algo contra o que argumentar. Ou seja, estão sendo babacas.
Nada contra ateísmo, e nada contra religiosos, mas a vida hoje em dia o que determina é o nosso comportamento. Sempre haverá argumentos contra as nossas opiniões, pois ninguém tem todas as respostas, vocês podem colocar a culpa de qualquer merda no mundo em qualquer um, isso pouca ou nenhuma diferença fará.


Então, seu bando de babacas, querem voltar a fazer diferença? Comecem a cogitar a respeito de agir diferente. Hajam como pessoas que querem um mundo melhor, deus, ou a inexistência d'Ele, nada tem a ver com isso.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Momentos


Para tudo há um momento.
Reflexão, inspiração, filosofia, raciocínio...
E há momentos para nada. Para dormir e acordar. Para tirar tudo o resto da cabeça e morrer.
Mas somos humanos demais para aproveitar esses momentos. A vida é uma tentação grande demais. E esquecemos que precisamos morrer para viver.
Cale-se, cerre os olhos e se deixe levar.
Os olhos da mente.
Depois acorde, e não ouse nunca mais olhar o mundo da mesma maneira que olha hoje.
Ou estarás perdido, além do tempo, onde nem Chronos poderá te buscar.

A loucura




Eu sou a loucura, e você jamais escapará de mim.
Corra meu pequeno, corra até o fim do mundo, e eu nunca sairei da tua sombra.
Grite, grasne, urre, ruja!
Tua mente é minha, e será por toda a eternidade.
Até após a morte, até fora deste mundo.
Fuja, meu pequeno, e não sairá da palma da minha mão.

Eu sou a loucura. Eu sou sua vida. Eu sou seu amor.

Eu sou você, meu caro, e tu não podes fugir de mim. Nenhum de vocês.
O leão, o lobo, a coruja, a tartaruga.
Invoque seus totens, pequenino.
Olhe bem nos teus próprios olhos, em todos eles, e me verás.
Agora olhe para o mundo, meu amor.
Eu sou a loucura, e vou salvar você.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Ele acorda

Ele acorda. Sempre na primeira vez que o despertador toca. Por vezes, até mesmo antes.

Ele tem a sua rotina, ah, já a muitos anos. Vai para o banheiro, banha-se, volta para o quarto, veste-se, pega sua grande maleta cinza e vai trabalhar.
Não come nada em casa, não gosta de preparar nada pela manhã, mas cozinha bem. Compra um café no bar da esquina e algo para comer, que varia de acordo com o dia.

Continua andando, não tem carro, tampouco gosta do ônibus durante os horários de pico. Seus sapatos são bem cuidados, pretos. Usava também óculos pretos, em contraste com sua tez clara.
Antes de entrar no prédio onde iria trabalhar, comprou mais um café, tomou, e então continuou seu caminho.

Subiu pelo prédio, trabalhava no alto, e era um prédio alto. Quando chegou, tirou seu material de sua grande maleta cinza e se pôs a fazer o que devia ser feito.

Terminou tudo com uma velocidade espantante para um dia quente como aquele. Desceu o prédio, comprou um jornal na banca e percebeu o aglomerado de pessoas na praça à sua frente.
Imaginou alguém morto ali, e as pessoas, como corvos famintos ao seu redor. Morreu com um tiro, na cabeça, caso o tiro tenha sido certeiro.

Volta para casa, banha-se novamente. Limpa os seus sapatos pretos. Guarda com cuidado a sua grande maleta cinza. Coloca alguma música clássica no aparelho de som e então senta-se em sua poltrona para ler o jornal.
Sempre fazia isso, a música clássica o ajudava em concentrar-se no que estivesse lendo. A última coisa que lia eram os obituários, nunca se sabe quem pode-se encontrar neles.

Alguém toca a sua campainha, ele não se importa em olhar quem era. Morava em um apartamento, último andar, sem elevador. A mulher subiu todos os oito andares. Pois sim, era uma mulher.
Ele abriu a porta, ela entrou. A música na sala já era outra, contemporânea. Sentaram-se, conversaram durante algum tempo.
Foram para a cama, e depois ela foi embora.

E no dia seguinte haveria mais trabalho, como sempre.


Do papel, a vida.


Ele para na frente da máquina de escrever. Já fazia meses que não o fazia. Ele passava, a olhava, e só. Vez ou outra chegou a levantar o pano colocado sobre ela para que não ficasse empoeirada, mas ainda assim não a tocou.

Desta vez não apenas a tocou, colocou algumas folhas em branco e se preparava para escrever. Olhava as folhas e pensava em uma velha frase.
"rasgar uma folha em branco é como fazer um aborto"
E era, o cheiro de novo já havia sumido daquelas folhas, mas ainda estavam ali, esperando a hora de nascer.

A máquina estava bem lubrificada e cheia de tinta, diferente do escritor. Ele estava enferrujando lentamente desde antes de parar de escrever, agora estava ali parado, com os dedos sobre as teclas, pensando no que escrever, e como.

Não queria escrever sobre a vida, não, não agora. Mas lembrou-se do aborto e começou de qualquer modo. De uma maneira louca, esquizofrênica, os dedos se mexiam em uma velocidade em que seus próprios olhos bem treinados mal conseguiam ver. Escreveu. Preencheu as páginas uma atrás da outra, preencheu vidas, belas ou feias, corretas e erradas, mas vidas acima de tudo.
Não tirou as mãos da máquina de escrever sequer para alimentar o seu vício na cafeína. Sequer lia o que escrevia, olhar, mente e coração estavam focados, mais do que nunca, no seus olhos podia-se ver o brilho mais soturno que já houve. O brilho da morte, do assassino, do pistoleiro em frente à batalha.

Não houve erros na escrita, não houve correções. Não se pode corrigir a vida, não se pode apagar o que se escreveu, mesmo que no fim não goste.
Mas sempre se pode pegar uma nova folha e criar mais uma vida.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Um pouco de italiano, de inglês e de beleza.


Simona Molinari feat Peter Cincotti - In cerca di te (videoclip)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Aquele guri


E aquele guri do inverno, que usava boina e roupas de velho, acordou com o seu cabelo já longo e os olhos cansados.
Pegou a caneta e começou a escrever. Ah, e havia tantas folhas em branco, tantas vidas para serem preenchidas.