sábado, 31 de outubro de 2009

Ele voltou

Ele voltou.

O mal, aquele que surgiu ao mesmo tempo que a própria vida.
Ele, que dormia esquecido na alma de poucos escolhidos.
Ele, que fez com que as piores caracteristicas que o ser humano pudesse ter envolvesse seu coração.

Ele voltou.

Não na sua magnânima forma, não.
Foi sutil neste ponto, inteligente, como aquele que o abriga sem saber.
Voltou como raiva e poder. Como o que é na sua essência, o Mal.

Ele voltou.

Sim o equilibrio se desfez.
Sim ele vai voltar, mas vai demorar.
Enquanto o bem não aumentar, só uma verdade restará.

Ele voltou.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Dizem que...



....quem ama vê o mundo com outros olhos.





(ok,ok,Photoshop ajudou)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Estamos com fome de amor

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros
e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam
sozinhas e saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que
estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os
novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era
resolvido fácil, alguém duvída?
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber
carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de
um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que
vão "apenas" dormir abraçados, sabe essas coisas simples que perdemos nessa
marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a
carreira, a produção.
Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como
voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão
distante de nós.
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de
relacionamentos ORKUT, o número que comunidades como:
"Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada
"Nasci pra ser sozinho!" Unindo milhares ou melhor milhões de solitários em
meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos,plásticos, quase
etéreos e inacessíveis.
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a
cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão
infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que
verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa
verdade de cara limpa.
Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio,
démodé, brega.
Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer
ridículos, abobalhados, e daí?
Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e
falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo
pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais (estou
muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca
mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso à
dois.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, um ditado tibetano diz que
se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais,
pra quê pensar nele ? Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o
dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser
estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é 'out",
que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me
aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou
outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu
não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo
resto da vida".





Antes idiota que infeliz!

Arnaldo Jabour

sábado, 24 de outubro de 2009

Ações ao vento, e palavras corpóreas

Hoje está difícil escrever algo, pensar em algo para postar aqui, estou quase me entregando ao monólogo como o de Lucky na peça "Waiting for Godot". Mas resisto ainda. Assuntos tenho, mas organizar as idéias, me concentrar em um e conceitua-lo está difícil hoje.

Deve ser a sobrecarga de coisas mundanas que tenho suportado ultimamente, muita coisa, por muito tempo. Mas não, não pretendo ocupar os seus tempos lendo sobre como anda minha vida, isso é apenas um explicação, talvez não tão válida, mas ainda uma explicação plausível.

Meu dia deveria ter mais horas, só isso.

Ah, acheio um assunto nos arquivos da minha mente, simples, mas talvez seja o que preciso neste momento.

Romantismo.

Conheci verdadeiramente poucos românticos em minha vida. Sabe, no sentido completo da palavra, ao menos para mim.
Muito falam, ou melhor, vomitam, frases prontas oriundas de um pensamento romancista, abrem a porta do carro, são carinhosos, atenciosos. Mas isso os torna românticos?

Não.

Eles [digo 'eles' pois é o lado da visão que possuo] "estão" românticos, não o "são".
Estão românticos para agradar alguém, sua companheira, ou futura companheira.

Romantismo para mim é muito mais do que isso, é um estilo de vida. Não é fácil, nem simples, e por esse motivo digo que foram poucos aqueles que conheci que realmente o eram.
Já viu um homem romântico numa roda de amigos? Enquanto a conversa gira em torno de mulheres de vida fácil ou de como foi a última transa? Consegue ao menos imaginar isso?

E mesmo fora desse cotidiano, entre amigos, o puro romântico tem dificuldades, pois não é romântico para alguém, e sim por si mesmo, por querer ser assim, por poesia, ou ideologia. Sendo verdadeiramente poucos os que assim são, acabam sendo frequentemente confundidos com os românticos comuns, eventuais, e disso podem sair situações constrangedoras, ou até mesmo irritantes.
Digo isso pois existem aos montes pessoas que se superestimam, e quando esse tipo de pessoa entra em contato com um romântico a principal impressão que essa pessoa fica é de que está sendo desejada, que o romântico está tentando conquistá-la, mas na verdade ele está simplismente sendo ele mesmo.

Estranho não? Mas é a vida. Ninguém disse que ela é simples, ou que vale a pena no final. Talvez esse seja o motivo principal de ser um poeta morbido [quando me chamaram assim a primeira vez achei deveras estranho, fiquei até temeroso do porquê me chamariam assim, mas agora já assumo tal título com um certo orgulho].

-----------

"Afinal, pessoas diferentes fazem o bem e o mal de formas diferentes. Nem sempre quem lhe deixa triste faz isso de propósito. E vice e versa."
"Amais o próximo como a ti mesmo."
Jesus Cristo
"Escute o réquiem de sua alma, e sorria, pois agora é tarde demais para entristecer-te."
M. Marconi

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Que venham!



Eu não sei vocês,mas nós estamos prontos pra guerra!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Vida.

Olhos fechados, pontas dos dedos unidas, os indicadores exercendo uma leve pressão entre as sombrancelhas.
A música adentrava seus ouvidos, seu sistema nervoso, fazia sua pele arrepiar.
Emoções fundidas, misturadas com memórias e desejos.
Lágrimas contidas.
Outra música, menos sentimentos, mais lembranças.
Serenidade.
Levantou vagorosamente o rosto, deixando as mãos paradas, os indicadores agora tocando a parte inferior do lábio inferior.
Suspiro.
As mãos fecham-se, a direita sobre a esquerda.
Abre os olhos.
Silêncio.
Recordações.
Música novamente.
Lembrou, de tudo, em um mísero instante, a partícula de tempo no qual a passagem completa de sua vida é capaz de caber.
Uma única lágrima lhe molha o rosto.
Pega a madeira, sente o metal.
Suspiro.
Levanta-se, dirigi-se à saída, vê o céu vermelho.
Epifania.
Caí de joelhos, GRITA
-...
Levanta, corre.
Mãos vazias.
Lágrimas abundantes.
E corre, corre sem olhar, sem parar.
Não sente, não ouve.
Para, olha, respira.
Esboço de sorriso, braços em arco no ar.
Calor, força, troca, turbilhão.
Vida.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Encontro pubiano - Segunda chamada

Reavisando os avisados e avisando os desavisados.

Teremos nosso encontro em breve:
Data e local: 31 de outubro, na Feira do Livro de Porto Alegre - na praça da Alfândega.
Local específico: na frente do Rua da Praia Shopping, ao lado Mac Donald's.
Horário aproximado: 14 horas.

Venha, e traga quem quiser [vale namorada(o), amiga(o), ficante (ou quase, sabe quando tá quase lá?), a parentada toda, até o vizinho dos lados ou do andar de cima (o de baixo fica por tua conta e risco)].


Haverá um "pré-encontro" na estação do trensurb: São Leopoldo, entre 12:15 até 12:30, aproximadamente, para aqueles que se dirigirão até lá por ali e não quiserem ir sozinhos.

Abraço a todos, vejo vocês em breve.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

É

Somos como o vinho, ao envelhecer, melhoramos.
Caso isso não aconteça, viramos vinagre.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Os dias

Sentou no banco do trem entre dois figurantes quaisquer. Os fones de ouvido bloqueando praticamente qualquer ruído externo. Pessoas de pé. Pessoas sentadas. O trem saiu.

Retorno habitual de mais um dia qualquer. Pessoas conversando. Pessoas diferentes de pessoas. Mas na massa, todos são iguais.

No meio do caminho, uma família em roupas sujas e furadas. Entregam pedaços de papel. Pedem dinheiro. É sempre assim. As pessoas variam, a questão é a mesma. Desemprego. Êxodo rural mal-sucedido. Infectado pelo vírus HIV. Como se AIDS fosse desculpa para miséria. Como se uma porta fechada trancasse as pessoas numa cela vitalícia.

Uma música qualquer. Mais uma estação. Pessoas entram, pessoas saem. Luzes na noite. Carros ao lado dos trilhos.

Chega na estação, pára de frente à porta, desce na plataforma e mescla-se com a multidão.

A mesma chuva molha todas as pessoas. O mesmo piso, o mesmo asfalto, suspendendo pés de todos os credos, cores, raças, sexos e orientações sexuais. Criminosos, pecadores, policiais, mediadores, filantropos. Todos como simples pedaços da multidão, o ser individual como mera ilusão.

E pega sua condução e vai para sua casa. E dorme. Acorda.

Assim, novamente. E novamente.

O açúcar e a anilina.

E, para variar, não há banda.

Anilina

Hoje, pulamos em círculos. Fugimos da chuva mas pulamos em poças. Respiramos do mesmo céu descolorido em nuvens. Enfim, quando houve uma pausa no dia, no meio do dia, onde a planta corrói a terra e a terra corrói o céu, subimos em nossas mentes e fugimos para lugar nenhum.

Em lugar nenhum, entramos num mercado sem nome. Compramos pães e salgados. Um bolo, também. O café em lugar nenhum tem gosto de tantas coisas que é difícil definir.

No fundo, há um lago, de água plenamente incolor. Veja bem, quando o céu não tem cor, não há cor no lago. Vê-se o fundo. "Bom dia", disseram as pedras arredondadas do fundo.

Vos digo, onde as sementes têm raiz, um leve farelo de folha seca pode mudar a cor de um lago. Ao cair no lago, uma folha inteira seca, abriu-se, então, o lago ao meio. Evaporou no meio do dia. No meio do nada. Lugar nenhum.

Pisamos nas pedras, e encontramo-nos novamente em algum lugar. Chovia.

Nós pulamos em círculos. Pulamos em poças, hoje.

sábado, 10 de outubro de 2009

Cenas do cotidiano

Fui para a capital do meu estado hoje, nada de mais, volta e meia vou para lá passar o tempo.


Fui atrás de um livro que me recomendaram [O dia do curinga, de Jostein Gaarder], e pretendia ficar na Casa de cultura Mário Quintana lendo após compra-lo. Mas como sempre atualmente quando posso, durmi mais que a cama, e acabei indo apenas a tarde Porto Alegre, e consequentemente, encontrei minhas livrarias e sebos habituais fechados.

Mesmo assim fui a casa de cultura, andei pelas exposições [tinha uma da Elis Regina muito boa], vi umas esculturas em vidro, fui no terraço e fiquei por lá no maior estilo voyer observando os apartamentos do outro lado da rua. Havia casais de velhinhos; gordos olhando tv; um em especial havia uma garota costurando, um homem pintando uma porta [de branco] e uma senhora supervisionando tudo; fiquei por lá algum tempo, chegaram uns outros caras, começaram a se arriar nesse último apartamento, e realmente observar tudo aquilo era engraçado.


Olhei para a rua, vi pessoas, muitas pessoas que não faziam nem idéia de que alguém os observava, até que uma garota, aquelas de cabelo curto [é, aquelas de cabelo curto], aparentemente se sentia observada, olhou para cima e me viu, cruzamos olhares, ela seguia com alguns amigos [acho que para a beira do Guaíba], abanei para ela, ela abanou de volta e sorriu, mandei um beijo, e ela mandou um de volta, andou mais uns passos, cochichou [ou falou, mas na altura em que estava não ouviria de qualquer maneira] com uma amiga ao seu lado, depois me olhou ainda sorrindo, e seguiu o caminho sumindo por baixo das árvores na calçada.


Fiquei mais algum tempo por lá, mas mais nada aconteceu, decidi ir embora, passei pela praça da alfândega [o local da feira do livro, onde acontecerá o nosso encontro {a foto}, não esqueçam], segui o caminho até parte de trás do mercado público, havia um homem cantando música góspel [que por sinal eu conhecia, digo, a música], fui até o metro, o trem já tava parado lá, e pela ordem natural das coisas, fiquei de pé.


Depois, já aqui na minha cidade, fui pra casa de ônibus e ao descer quando fui puxar aquelas cordinhas pra dar o sinal pro motorista parar o sinal tocou um instante antes, olhei para a saída e havia uma garota de cabelo curto, porém dessa vez daqueles bem loiros, fui até lá para descer, era aqueles ônibus que a porta de saída é larga, e cabem duas pessoas, fiquei ao seu lado e notei: ambos de all star, jeans, e camiseta preta básica, simples assim. Descemos, cada um foi para um lado, fui para casa.


Dia solitário, mas engraçado e completo, e no final das contas, fiquei pensando na garota de cabelos compridos...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Assim,



Estou envolvido com projetos pessoais nos meus dois trabalhos ,então vou ficar um tempo sem postar,ok?


Cuidem da minha cadeira aqui,abraços!

Sempre tem um..


Não importa onde estiverem,na Marinha dos EUA ou aqui noPub. sempre terá um palhaço.

E tenho dito

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Entrando no clima



Sabem como é,não? Copa,Olimpíada, essas coisas todas pra encher os bolsos de nossos ilustres representantes,enfim.. pra frente Brazil!!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Ácido de bateria

Um resto de esperança. Um fio de linha solto na borda da manga, na camiseta. Um copo d'água. Tua ausência.

Se a espera é um arame, a ausência é explosivo plástico.

Um dia, um "bom dia", e então, enfim.

Quer jogar?



Xeque! rá!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O verdadeiro final de "O cego e o publicitário"

Em uma praça de Paris, havia um indigente cujo a placa que segurava dizia “sou cego. Por favor, me ajude”. Seus dias não rendiam mais do que alguns francos [sim, essa história é antiga]. Certo dia, passava por aquela praça um publicitário, ele parou, observou aquele cego por algum tempo e resolveu se aproximar.

- Senhor, se importa de eu reescrever a sua frase? perguntou ele.
- Pode ir em frente, respondeu o cego.

Alguns dias depois, o publicitário voltou àquela praça e ficou contente de ver o chapéu do cego mais farto de moedas e cédulas, ele se aproximou e o cego perguntou:

- Oi, por acaso você é o homem que reescreveu a minha frase?
- Sim, respondeu o publicitário.
- Muito obrigado! Mas, por favor, me diga o que está escrito.
- “É primavera e eu não posso ver”.
- Entendo...

O cego parou por um instante, com o cenho fechado, aspecto pensativo. Depois falou.

- O senhor poderia mudar o que escreveu?
- O que? Mas por que? O senhor está ganhando muito mais do que antes.

O cego sorriu, e depois respondeu docemente.

- Meu caro jovem, meus olhos não me permitem ver a primavera, mas eu a sinto, sinto no aroma das flores que paira pelo ar, sinto na alegria que emana das pessoas, nos sussurros dos enamorados, na brisa e no calor do sol que tocam o meu rosto. Talvez eu sinta melhor a primavera do que muitos que podem vê-la.

O publicitário pensou nisso, e viu como era verdade, ele mesmo nunca havia reparado em tais belezas ocultas em um dia primaveril. Decidiu mudar a frase do velho cego.

- Muito bem, endendo o que disse, mas o que quer que eu escreva?
- Apenas diga, "Sua ajuda não me fará ver novamente, mas fará meu coração sorrir."

Ele escreveu essa frase, depois levantou-se e ao sair colocou alguns trocados no chapéu, e foi embora sorrindo, com a brisa e o sol em seu rosto...

domingo, 4 de outubro de 2009

Sobre o momento

Para começar, é mais um post de meio de madrugada. Logo, cuide o nível. Repare no degrau. Ele é um desnível. Desvie do desnível. A via do nível. Do túnel, do elevado. Curva sinuosa à esquerda. Siga reto. Isso, isso mesmo.

Se eu falasse sobre o momento eu talvez cometesse uma hipocrisia involuntária. Ora, vejam só. O momento em que se pensa não é exato o mesmo que se escreve, que se posta, que se lê. É muito volúvel, muito volátil.

Vou me abster de opinar.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Coca Cola:

Aconteceu numa tarde cinzenta, quando o mundo e as pessoas não tem cor. Tomando sua Coca Cola, depois de ter saído da biblioteca, com muitos livros em baixo do braço esquerdo. Andava distraída pela rua, de vitrine em vitrine, olhando de pessoa a pessoa, sem poder controlar sua mania de olhar para o céu e observar as nuvens. Atravessou a rua e foi ver as barraquinhas de produtos populares instaladas na praça. A praça era bonita, dessas cheias de árvores e bancos, onde passarinhos e crianças disputavam espaço. As barraquinhas ficavam no meio da praça, fazendo um círculo em torno do grande monumento à alguma coisa que ali se erguia.

Parou em frente a barraca de livros. Ela realmente amava livros. Observou alguns livros de capas novas que estavam mais a frente, mas logo perdeu seu interesse por eles ao ver livros mais antigos um pouco atrás. Ao ver que ela voltara sua atenção aos livros antigos, o dono da barraquinha se aproximou e ficou a observando. Educadamente, ela disse que estava apenas olhando. Cordialmente, com um sorriso e um aceno de cabeça, assentiu e disse que ficasse a vontade. Ela estava a vontade, sem dúvida alguma, em meio aos livros que tanto ama.

Puxou, então, um livro mais de baixo. O livro tinha uma capa preta, com uma caveira desengonçada desenhada e algumas espadas próximas a seu abdômem. Ela abriu o livro. O vendedor olhou seriamente para a moça, num misto de curiosidade e apreensão. Ninguem encosta nesse livro há meses, senão eu, quando ajeito os livros em pilhas em cima desta bancada, pensou ele. O rosto da moça se iluminava ao ler o conteúdo de uma página, escolhida ao acaso. Ela vai levar este livro, pensou ele. Ela largou a latinha de refrigerante ao lado, queria segurar apenas o livro nas mãos. Sentir o poder, a paz e a magia que tal livro lhe transmitia.

Doze minutos, pensou ele olhando no relógio, ela já está aqui há doze minutos lendo esse livro. Outro freguês se aproximou da barraca, olhou os livros mais novos e foi embora. Menos de dois minutos, calculou mentalmente o vendedor, e essa moça ainda está aqui lendo esse livro...

Passados mais alguns minutos, ela olha para o vendedor e pergunta: "Quanto custa este livro?" e o vendedor responde: "Dezessete reais, mas, para a senhorita eu faço por quinze. Eu percebi seu imenso interesse por ele." "Ah sim, obrigada..." ela pensou em falar, mas preferiu não dizer nada. Aproximou o rosto do livro e o cheirou num suspiro profundo. O vendedor a olhou encantado, ela está cheirando um dos livros mais velhos de minha banca!, pensou ele. Sem perceber que o vendedor estava hipnotizado ao ver tal cena, a moça fecha o livro e o coloca em cima da pilha de onde o retirou. O vendedor, hipnotizado, somente a observa, enquanto ela se afasta por entre as arvores da praça.

E ela deixou ali sua Coca Cola...

Sempre gostei de música!!







p.s: não,eu não fui o bebê fofinho da foto.Em 1988 não existia esse tipo de fone de ouvido.