terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Maluquices (parte II)

Pasmen,o sono não vem e quero dar continuidade aqui. Vamos indo, ver o que acontece. Só não quero e não vou ficar mudo pra falar de amor aqui. É tão démodé, não? Não, eu não estou falando da frase do Fábio Júnior. falando dele. O amor. Está tão fora de moda falar de amor, de sentimento, num tempo em que as comunicações pela internet estão cada vez maiores. E mais rápidas. Tecnologia esta que nos afasta uns dos outros. Saudade? Manda e-mail. Doença? Manda um torpedo. Gosta de alguém? Deixa um recado no perfil dele ou dela. Tudo tão na ponta dos dedos e tão longe. Não que eu não use isso. Mas acredito que isso nos afasta uns dos outros e vai acabar criando uma geração sem amor. Deve ser por isso tanto auê por conta do tal fim do mundo. Pra mim o mundo acaba quando perdermos a vocação para amar. Para sentir. Para nos emocionar perante um ato de bondade. Aí o mundo acaba. Daí nada terá valor. Sentimentos? Pff. Nada importa. O bom é ter um blog (ou dois) alguns perfis em redes sociais e se sentir aceito nessa tribo cibernética. Onde vamos parar? Só Deus sabe. Ou nem ele. Será que ele realmente pensou que chegaríamos nisso tudo ? Na certa previu que acabaríamos antes, que sucumbiríamos á falta de amor. Mas ainda não. Ainda. Só não vejo casais apaixonados pelas ruas. A vida está nas ruas e não vejo muito disso por aí. Acabaram-se os apaixonados? Os beijos de cinema? O mundo anda mesmo tão violento que as pessoas deixaram de passear? As flores, onde estão? os banhos de chuva são punidos com exclamações “- Nossa, vocês estão loucos?”. A vida é uma grande bagunça (sim a esta altura vocês já sabem que a minha opinião de vida é que ela é uma bagunça e eu estou sempre pronto a entrar na bagunça e aumentar ela.) e nada nela faz mais sentido que o amor.

Tenho certeza que Deus nos fez para a felicidade. Se não, não nos faria tão resistentes à dor, não faria nossos corações tão fortes, a ponto de podermos sempre recomeçar, basta querer. Se você pudesse parar e voltar um pouco no tempo, o que faria? O que mudaria? Uma frase mal interpretada? Um olhar, uma rosa? Ou seria uma Roza? Esquece, um dia eu explico.

Mas o nosso protagonista. É um daqueles que nasceram com um buraco no peito, daqueles que mesmo puxando na memória não conseguem lembrar onde foi realmente feliz. Ou com quem. Ou quando. Meio depressivo, ? Pois é, eu sou assim. Apesar de ter uma porrada de conhecidos e alguns amigos por aí, continuo depressivo e não considero isso ruim. Uma vez uma garota me falou que eu sou Pop. Pois é . Pop. Vê se pode, eu, sendo Pop. É que as pessoas gostam de mim pelas piadinhas, caretas. As pessoas gostam de rir e assim, algumas gostam de mim.

Mas, ah!, salve o mas. O amor é feito de tantas formas diferentes que nem sei por onde começar. Já li relatos de pessoas que se apaixonaram na fila do seguro-desemprego. Acontece. E claro, os clássicos, estilo romeu e julieta. Aqueles que se olham e se apaixonam. Geralmente isso não dura muito. Assim como os originais, os nossos romeus e julietas terminam logo. Sempre com um “ele(a) não era aquilo que eu pensava.”. Pois é. Eu acredito que o amor é a única coisa que salva esse sonho louco, essa bagunça (bazinga!) que vivemos.

Queria poder experimentar mais disso.Há uma história, sobre os deuses gregos... eles estavam entediados,e criaram o homem. Mas continuaram entediados e inventaram a mulher. Como o tédio continuou, eles inventaram o amor, assim nunca mais se entediariam. Depois resolveram experimentar o amor, e então inventaram o riso, para que pudessem suportá-lo. E suportar as dores de amor, suponho.

A chuva cai lá fora e meu pensamento me leva para longe, talvez num tempo distante, rapazes de chapéus e moças e vestidos. Bondes. Carroças, poucos carros. Ah, a vida antigamente, como isso me atrai. Creio que sentiria falta da internet. Mas tudo se supera. Naquela época, eu poderia facilmente me apaixonar. Coisa que acontece comigo mesmo na nossa época. Eu vivo me apaixonando. Mas são paixões que não duram, coisas rápidas. Chuva lá fora. Sozinho em casa. Bate uma saudade, uma vontade de estar junto. De quem? Não sei. Tenho comigo agora certo medo, certo pé atrás com isso tudo de amor e paixão e namoro e sei-lá-o-que-mais. Chove. Os hibiscos da minha janela agradecem a chuva e eu penso, que um dia o Sol se apaixonou pela Lua. E ele corre sempre, intensamente atrás de sua amada, mas, por uma ironia do destino, eles não podem se encontrar. Ou seria um feitiço dos deuses? Quem há de saber?

Perdoem a pausa. Fui tomar um banho de chuva, aproveitar um dos poucos prazeres solitários da vida. Sinceramente? Um dos melhores banhos de chuva que já tomei. De verdade. Água gelada, parece que limpa a alma, que lava a aura e nos restaura pra tentar de novo. Se fôssemos feitos para sermos sozinho, seríamos apenas um. Não tantos como somos. Filosofia barata, puts. A vida é feita de ciclos e bem, acho que o amor está presente em todos. E de muitas formas.

Pessoas apaixonadas são tão felizes. Tenho inveja delas. E pena também. Há tantas coisas que elas não sabem, tanto sofrimentos, tantas dores. Acho que mesmo que soubessem não faria diferença. Iriam se apaixonar igual, iriam amar igual, talvez até com mais intensidade. Por que em termos de amor, não importa muito o que virá, embora façamos planos, importa o que acontece agora. O hoje para os apaixonados é mais importante que o amanhã. A não ser que amanhã haja um cinema.

Cinema. Ah! Uma das mais manjadas expressões de paixão e interesse entre seres humanos.Me parece que o cinema foi inventado com o intuito de unir casais sob um pano de fundo escuro enquanto um observa, admirado, as expressões do outro, durante o filme. Ou só eu que já perdi um filme todo observando as expressões faciais da moça?

Vinte e um anos e um metro e setenta e cinco de vontade. Amar e sofrer. É só começar. Vá em frente. Não tenha medo. O futuro aos deuses pertence e não há muito que possamos fazer. No máximo uma previdência privada.

Mergulhe, sempre. Mas de olhos abertos. Não tenha medo de se entregar, afinal de contas, o pior que pode acontecer com você é o que acontece com todos. Sofrer um pouco por amor e depois começar tudo de novo. Se ainda sofre, aproveite para se redescobrir, para se conhecer mais, para ver sozinho aquele filme que tens vergonha de olhar com mais gente por que tu chora no fim. Beba um pouco (um pouco!) com os amigos e se te faltarem amigos, faça novos. Estude, conheça outras pessoas, entre elas deve estar aquela que irá te fazer feliz outra vez. E de novo. Mergulhe. De olhos abertos. Só não espere demais dos outros. Afinal, Calvin já dizia que “a gente vive melhor quando nossas expectativas são baixas.”

2 comentários ébrios:

Daniel Iserhard disse...

chê, achei o texto QUASE verdadeiro, e bom!

Mas eu acho que é só saber lidar com as coisas que tudo pode ser diferente.

Acredito que a tecnologia une as pessoas, mesmo. Pelo menos assim tenho feito uso dela, e acho ótimo.

Se existe falta de amor, não é pela tecnologia, talvez seja pq hoje podemos ser quem somos.

Vai ver o ser humano na sua grande maioria sempre foi assim.

Eu sinto falta disso tudo também, mas acho que essa é nossa natureza, quem sabe hollywood não exagerou em tudo isso?

Marconi disse...

O Frodo pegou o espirito da coisa.

Mas calma, ainda há esperança para nós. Só há a pressa, essa maldita pressa, que faz tudo parecer tão devagar e alonga esse maldito sentimento de querer, e não ter, e nem saber direito o que quer...

Mas vamos em frente, pois pra trás a gente cai no abismo...