sexta-feira, 12 de junho de 2009

Quebrando a rotina com o ócio

Sempre me pego em folgas, feriados, dias livres, finais de semana, e tantas outras datas semelhantes, tentando mentalmente fugir do dia-a-dia. Da rotina, de todo o estresse (não consigo evitá-lo, então só tento minimizá-lo e ignorá-lo), da mesmice, do vício mental (porque cérebros viciam que nem pilhas e baterias recarregáveis: no ínicio é perfeito, coloca-se conhecimento e exige-se conhecimento, ele responde; depois de um tempo consegue-se colocar menos conhecimento, e menos também virá, pois parte dele "escorre, não penetra, foge pela tomada"; por fim o cérebro mal aguenta uma carga, não responde quando se precisa dele, então a única atitude seria trocar de cérebro como se troca de pilha, porém não se tem como trocar um cérebro, então deve-se reciclar; a pergunta que fica disso tudo é: como se reciclar um cérebro cansado?), e, com certeza, dos trens e ônibus lotados, os quais enfrento quase todos os dias. Eu odeio conduções públicas pelo fato de ter que dividir a quebra da lei da impenetrabilidade dos corpos com pessoas que não conheço, não vou com a cara, nem com o cheiro talvez (muitas vezes não vou com as bolsas e acessórios também) e por aí vai.

Mas, sempre me pego em ócio, tédio, mesmice, dentro das fugas, das folgas mentais. Mesmo quando saio, os programas tendem a ser os mais semelhantes possível. Com as pessoas de sempre, ou se pessoas novas, com personalidades semelhantes às da maioria (porque, se todos somos mosaicos de personalidades, então nenhum de nós é igual ao outro mas também nenhum de nós é único e especial, admita) e assim vai indo, pra baixo, pior e mais repetitivo.

A pergunta que quero colocar com toda essa ladainha é: há como fugir da mesmice? Rotina é mesmice. Ócio é mesmice. E quando os programas também tendem à mesmice então há um grande problema. Ou não. No fundo todas as teorias existencialistas nos simplificam, não é mesmo? Ou somos reações complexas de compostos complexos que formam partículas, células, tecidos, órgãos, organismos, complexos, e que não deixam de englobar, em toda essa complexidade, meras reações químicas. Ou então somos filhos de um criador teórico, uma força, um velho barbudo overpower, o que for, e, sendo filhos dele, ele é como um Papai Noel vitalício, sendo a morte o nosso Natal vitalício, e se não formos crianças boazinhas não teremos paraíso de presente. Ou voltaremos a ser todos parte da grande geleca universal saída do Grande Pote de Geleca Multicolorida. Enfim, sempre nos reduzimos a pedaços de mesmice numa grande mesmice que acaba sabe-se lá quando (em algumas teorias nunca acaba, em outras o tempo é cíclico, e etc.). Até em estatísticas não existimos (em um mundo de mais de seis bilhões de pessoas a porcentagem de uma apenas é totalmente insignificante). Se deixarmos de existir não alteramos o centro de massa da Terra. E estamos jogados num mar de vácuo, em cima de um monte de elementos misturados numa forma meramente similar à uma esfera.

Enfim, está acabando o espaço do guardanapo, mesmo com minha letra miúda. Resta-me assinar:

Para a vida. Ósculos e amplexos.

1 comentários ébrios:

Marconi disse...

Concordo com tudo, fora o o fato de ser especial e único, e etc e tal, oras, eu sou!!!

^^

[momentosmeacheiandamfrequentesdemais] [ireicomeçaramecontrolar]

Ah, um amplexo para você também.