quarta-feira, 28 de março de 2012

E a vida segue, vai e volta na roda do ka

Preciso de um texto pra falar de mim, e então acabar de vez com essa palhaçada de uso de linguagem para fazer isso. Não que seja ruim, mas é aprisionante.

A pergunta que bate na cabeça não é "o que falar", mas sim "por onde começar?". Afinal, muita coisa tem acontecido desde a última vez que escrevi algo honestamente aqui. Convenhamos, sou do tipo ótimo de mentiroso que sempre fala a verdade.

Comece do princípio, fala alguma voz. Mas o caso é que nem sei exatamente qual dos princípios ela se refere.
Como já falei em alguns textos, eu estava vazio. A casca daquilo que um dia tentei ser, e sem recheio algum. Talvez eu mesmo tenha procurado me tornar assim na expectativa da vida se tornar mais branda.
Sonho tolo. Quem uma vez experimenta o azedo do conhecimento, nunca mais consegue votar a ser o que era.

Nesse tempo vazio conheci muita gente interessante. Amei, ah se amei. Amo ainda, pois é assim que é.
Aliás, começo por aí, simples e direto. Meus três melhores dias até hoje foram os que passei no Rio de Janeiro [morram conterrâneos gaúchos que me chamam de traidor por isso] do lado da guria mais encantadora que já conheci. A senhorita Paula Borges. E não, não estamos mais juntos. Pois distância é uma droga que mata mais rapidamente que o ar, e torna pequenos problemas em grandes bolas de neve. É da vida, mas amo essa moça, de quem tive que me distanciar para aguentar a carência e a falta que eu estava sentindo.

Estando eu morrendo de carência e "vazio", como disse anteriormente, tive um outro caso. Que durou seis meses, mas sinceramente, se tornou um decepção. Sério, qualquer amizade ou relacionamento comigo deve ser baseado na confiança. A partir do momento em que alguém começa a mentir e enganar, se torna uma decepção.
Quem vive demais no seu próprio mundinho, perde tudo o que os outros tem a oferecer. Regra fundamental.

Aliás, abrindo um pequeno parentese, hoje me veio um bom pensamento, vamos ver se consigo reproduzi-lo bem aqui.
Não há um limite para o pensamento humano. Pois sempre há variáveis e conhecimentos que podemos aprender. O único limitador está em aceitar de onde esse conhecimento vem. Aí está a verdadeira humildade.
Alguém humilde não é aquele que se rebaixa e não admite suas qualidades de forma plena, mas naquele que reconhece que há algo para aprender em tudo, até na mais esdruxula das coisas, na menor das ações, no mais desprezível ser-humano. Sim há sempre algo a aprender, se estivermos dispostos a olhar e escutar de onde quer que venha o conhecimento.

Voltando a mim, nas últimas semanas algo ótimo está acontecendo. De alguma forma aquele vazio está se preenchendo. Tenho vários eu-líricos, e os sinto voltando depois de um longo tempo solitário. Sinto a imaginação fluir em formas diversas. Sinto ânimo em sentar e escrever um texto enorme, ou fazer um dos meus retratos à lápis.
Vai ver é o tal ano do Dragão, trazendo o bom e o ruim e doses absurdamente megalomaníacas.

Estou lendo mais, conhecendo mais gente, reconhecendo quem por algum motivo me afastei.
Ainda não me aproximei de todos que quero me reaproximar, às vezes a tarefa se torna mais complicada. Preciso estar pronto.

Aprendi a viver sozinho, aprendi a viver por fora. Tive uma infância fodida, tive um pai de bosta. Me preenchi de uma arrogância oculta para sobreviver nesse mundo, me cobri com uma soberba que achava justa, e escalei na torre de orgulho que eu mesmo contruí. Tenho história e tenho defeitos. Se isso me torna feio por dentro, que seja. Serei o feio honesto que sempre fui. Não mudei para as pessoas que mais amei, não vou mudar por aquelas que nada mudam na minha vida.

Vou ali ouvir um blues, vou tomar um café e vou dormir. Vou sonhar e não vou lembrar. Vou seguir no mundo, vou criar mundos e talvez destruir alguns.
Vou ser mais simpático, vou ser mais carinhoso, vou ser mais duro, vou ser mais cruel, vou ser mais protetor, vou ser tudo o mais e tudo o menos. Pois isso não é mudar, é se adaptar.
Vou lá viver a vida, onde quer que ela esteja.

0 comentários ébrios: