quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Tempo, o deus


Tudo não passou de um sonho, porém parecia tão real, era tão real, que verdadeiramente aconteceu.
O dia estava frio, e o rapaz acompanhava uma jovem até a sua casa. Nada demais, já fizera aquele caminho antes, e esperava ainda fazê-lo muitas vezes.

Cronus, porém, não estava satisfeito com esse desejo mundano do rapaz. E quando Cronus não está satisfeito, corra, apenas corra, antes que o tempo consiga  alcança-lo.

Era um rapaz comum, de modos comuns, vida comum, desejos comuns. Um rapaz ordinário, no sentido original da palavra. E era isso o que perturbava o grande deus do tempo, pois a garota de comum, nada possuía. E ele a queria.

Cronus tentou mata-lo, por diversas vezes ele tentou. Mas algo além do tempo o impedia. Não, não era nada disso de amor e essas baboseiras filosóficas, era algo profundo, vindo do caos. A vida do guri estava salva, e Cronus soube que nada poderia fazer a esse respeito.

A garota, entretanto, não estava longe o suficiente das garras do tempo. Foi agarrada e arremessada como uma boneca de pano. Transformou-se em nada mais do que um fantoche nas mãos hábeis do deus.
Ele, com todo o sentimento que uma divindade pode sentir, feriu o garoto. Estilhaçou sua mente e partiu sua alma. O corpo intacto, nada mais do que uma casca vazia.

Isso o marcou com a aura da morte. Cronus, adentrou seu pensamento e deixou escorrer o seu poder.
Eras foram envelhecidas em instantes, e os olhos do rapaz se tornaram opacos. Verdades, mentiras, metades, guerras, mortes, vidas, o infinito e a eternidade, o Alpha e o Ômega.

O podre e ordinário rapaz se tornou o próprio conhecimento. O tiro pela culatra do tempo.


1 comentários ébrios:

Bruno Jow disse...

respeitei...nada mais