segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Christmas tales - pt. 1

Tudo o que ele queria era encontrar aquela atriz que fez o teatro inteiro parar quando ele a viu no palco.

"Ela estava de peruca, esqueça, tu nunca mais vai vê-la, vamos embora, está tarde." Gritava seu lado consciente.
Mas ele ficou. Ficou, e não a encontrou entre os atores que saiam em grupos do local.

Ele não queria ir embora, mas em breve o metrô fecharia. Estava escuro, e não tinha companhia para voltar, olhava para todos os lados em busca de qualquer movimento suspeito. Lembrava das vezes que já havia sido assaltado, e não estava nem um pouco ansioso para repetir a experiência.
Chegou cedo na estação, foi para a plataforma comprando um pão de queijo no caminho. Comprou um café também, expresso, duplo.
Faltava meia hora para o último trem, e a noite estava fria. Sua idéia original era pegar o primeiro aparecesse, mas ao ver que todos os vagões lotariam resolveu deixar o primeiro ir e depois tentar pegar um lugar para sentar no próximo que passasse.
Algumas pessoas tiveram a mesma idéia e uma dúzia de pessoas tentavam se aquecer durante a espera. Não apareceram muitas outras pessoas.
"Ótimo, pelo menos uma coisa dá certo hoje."

Terminou seu café, e comprou outro logo antes de entrar no vagão. Só mais três pessoas nele. Fechou a janela que algum descuidado devia ter deixado aberta, sentou-se e colocou os pés no banco da frente, perpendicular ao seu.
Fechou seus olhos por um instante, apenas para abrir ao som de alguém correndo, não olhou e fechou novamente. Os passos diminuiram o ritmo ao entrar no vagão, andaram calmamente até que pararam, e alguém sentou do seu lado. Ele suspirou, "de tantos lugares vagos alguém escolhe pra sentar do meu lado? Só pode ser um chto."

Ele olha, e como não podia ser diferente, lá estava a atriz. Ele se apressa para sentar corretamente, quase derramando o café em si mesmo.
- Oi, lembra de mim?
Ele piscou várias vezes, se certificando que não estava sonhando, ela o olhava curiosa.
- Lembro, claro, tu...  tu tava linda na peça hoje.
- Tu me viu na peça? Nossa, e gostou?
"Peraí, ela deve estar me confundindo com alguém, como eu não lembraria de conhecê-la?"
- Adorei, não que eu tenha prestado muita atenção depois que tu apareceu. Haha
Ela revirou os olhos e sorriu.
- Tu me deu um número falso né? Não que eu tenha ficado surpresa.
"Ela me conhece mesmo então"
- Eu perdi o meu número faz pouco tempo, estou com um novo agora. Tentei espalhar este por aí...
- Bem conveniente isso não?
Ela sorriu para ele e piscou algumas vezes.
- Acho que vou sentar em outro lugar.
- Não! Não faça isso, é verdade.
Ela o encarou por alguns momentos, depois relaxou no local.
- Hum, eu fico pelo preço de um café.
- Isso é maldade.
- Eu sei.
Ele passou o café para ela, e ela tomou um gole sossegadamente.
- Mas admita que é estranho, nos conhecemos, abro meu coração e minha vida, teu celular aparentemente sem bateria, e depois um número que não funciona. Não que eu achasse que ser uma ajudante de papai noel de cara pintada me fosse trazer algum gatinho...
Algum ouvinte mais atento conseguiria distinguir o som da ficha caindo na cabeça dele.

Poucas semanas atrás ele havia encontrado uma ajudande de papai noel discutindo com alguém em uma calçada pouco movimentada no centro. Era uma bela garota, apesar da pintura, e o rapaz parecia um tanto fora de controle. Quando foi passar por eles o rapaz levantou a mão, se era para bater nela ou apenas ameaçar nunca se ficou sabendo, e no momento em fez isso sua testa foi acertada.
O rapaz foi pego pela surpresa de acerta algo inesperado, olhou atônito para o lado e o encontrou abrindo os olhos em sua direção. Olhos frios.
- Vai!
O rapaz ouviu a ordem, e continuou encarando o sujeito à sua frente, o medindo. Não pareceu achar que fosse algum real desafio.
Então de súbito sentiu algo apertar sua garganta e o pressionar contra a parede, e os mesmos olhos frios o encarando.
-Eu acho que disse para ir.
Ele ainda tentou reagir, apenas para sentir o aperto aumentar e um joelho encontrar-se com seu estômago, de leve, apenas um aviso.
- Quer mesmo tentar a sorte?
Em um instante ele estava solto. Praguejou baixinho, encarou aqueles olhos por um instante e sentiu uma enorme necessidade de olhar para outro lugar. Resolveu então fitar a moça com quem discutia, mas então sua visão foi interrompida pelos mesmos olhar que não conseguia encarar. Pressionou os dentes, fechou os olhos, e então subiu na sua moto e se foi.
- Tudo bem?
Ele se virou para ela, e então logo depois estavam tomando café em um pub próximo. Falaram da vida, e encerraram com um beijo quando ela teve que voltar ao trabalho.

Ele sorriu, depois olhou confuso para ela.
- Não te vi mais ajudando o papai noel...
- Ah, culpa minha, devia ter avisado que era algo provisório. Como consegui uma vaga na peça, pedi as contas lá.
- Humm... Mudou cabelo também.
- Aham, gostou?

1 comentários ébrios:

Frodo disse...

Vai rolar uma putariazinha ou eu vou ter que escrever algum conto?