sábado, 11 de dezembro de 2010

Eternidades

Enquanto escrevo, fumo um cigarro, e bebo essa cerveja, o mundo prossegue a girar lá fora. Giros, cantaria o Fito. Ou Hurt, cantaria o Johnny. Vamos então a história.

Ela disse que amava ele. Enquanto gozava no seu ouvido, enquanto ele a penetrava, ela o amava. Até hoje, tem na memória os gemidos dela, os arranhões e os puxões de cabelo.

A primeira vez que uma mulher disse que amava ele, foi durante o sexo. Todas as outras foram assim. Não que tenha sido ruim, os olhos castanhos dela brilhando durante um orgasmo. Winter prossegue no seu solo, e o mundo gira. Foi uma noite quente. Um banho. Um jantar qualquer. Uma bebida qualquer. Ele agora não conseguia se lembrar de antes, tudo era qualquer coisa. Tudo era qualquer lugar. Foi onde se deitaram, nus. Exaustos, mas querendo mais. Olhos brilhavam, a janela aberta deixava entrar a luz dos postes. Estavam sós. Se sentiam completos? Talvez, ele sim. Ela, jamais saberemos. Estavam cansados mas e daí? Tudo que ele queria estava ali, naquele metro e sessenta de puro charme. Naqueles cabelos negros, e naqueles quadris que..., enfim, fiquem a imaginar. Naquela noite, ele havia tocado a eternidade. Naquele instante, ele sabia, o mundo poderia ser dele e ele poderia fazer sonhos valerem a pena. Não são apenas quando ditas que tais três palavras provocam impacto. Quando são demonstradas, mais que ditas. Sexo é bom, mas não é tudo. Naquela noite, ele sabia o que era viver. Ele descobrira a diferença entre viver e existir. Não, jovem leitor, nem falo do sexo com ela, que sempre fora bom. Falo do momento mágico, em que sentiram como se suas almas tivessem se tocado. O encontro entre duas almas abre inúmeros caminhos e o menos provável deles é a decepção.

Amor é um livro, sexo é esporte. Sexo é escolha, amor é sorte. Amor é prosa, sexo é poesia.

Sexo é do bom, amor é do bem.

Amor é um. Sexo é dois. Cry,cry,cry. Hoje é chorar. E seguir em frente. Um homem que toca a eternidade não sabe mais viver a rapidez do tempo. Não consegue, não vê o tempo passar. Faria tudo pra ter aquele momento de eternidade de novo. Mostra que não é uma alma preparada pra tal coisa. Não digo o amor, digo a eternidade. Mas existe algo que ele ainda precisa descobrir sozinho. O amor nos faz eternos. Mesmo que ele tenha amado e não tenha sido correspondido. Ou tenha sido apenas com palavras. Ele amou. Ele é eterno. Mesmo que mude. Mesmo que acabe. (preciso de outra bebida, leitora, acalme-se) (e de um cigarro também).

Naquela noite, ele se sentiu melhor que nunca. Acordou disposto e … bem, ele nunca conseguiria voltar a viver como antes. Pobre diabo, não sabia o que o aguardava. Ela o amara. Ela o dissera. Eles se completavam. “Que nem feijão e arroz”. Enquanto ela sussurava gemidos e palavras de amor no ouvido dele, enquanto ela o mantivera preso em seus braços, o tempo pareceu parar. Ledo engano, era o seu pedacinho de eternidade. Se céu e inferno existem, ele esteve nos dois. E saiu dos dois. Seu lugar não é lá. Ele amou. Ele fora amado. Ela se tornara eterno naquela noite e nada tiraria isso dele. Nada. Ele amou. Ele ama. Contra todas as convenções, contra todo o modo de ser de todos, ele amou. Ele ama. Só não sabe. Precisa descobrir sozinho.

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