sexta-feira, 17 de setembro de 2010

AUTOPSICOGRAFIA

Fernando Pessoa
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira,a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

1 comentários ébrios:

Losterh disse...

É. Ser exagerado é escrever bem, pff.
- porra, amo essa pessoa -