sábado, 9 de fevereiro de 2013

Melodia

Pego a caneta e bato no papel em branco na minha frente.

"Mando o foda-se?
Faz tempo que tem gente pedindo por isso, pedindo para receber umas verdades na cara, um tapa da sociedade.
Mas eu estou com sono.
Sim, sim, eu sei, e o sono suga o principal da raiva e da energia necessária para fazê-la funcionar, é uma pena.
É?
É sim.
Nem tanto.
Verdade.
Do que queria falar?
De gente que não aceita que as coisas não funcionem da forma que eles esperam.
Mas não sou assim também?
Sou, mas apenas em parte. Trabalho na lei da reciprocidade, se dou algo, espero receber algo equivalente em retorno.
Nem sempre isso acontece.
Eu sei, tento aprender a conviver com isso.
Eu também.
Mas então?
Então? Então que me cansa que esperem coisas que não posso fazer e nem ao menos me dão algo, ou a promessa de algo, em primeiro lugar.
Ou seja, faça isso porque eu pedi. É isso?
Basicamente.
Não é uma atitude muito inteligente.
Na verdade é. Só depende de quem é o alvo dessa atitude. Este tipo de comportamento pouco ou nenhum efeito tem em mim.
Já teve.
E com o tempo aprendi a reconhecê-lo e evitá-lo.
Ele e tantos outros.
E o que mais?
Tudo.
Amplo demais.
A mente não possui limites.
Ah, sim, possui.
Podem ser quebrados.
Como?
Da forma correta.
E qual a forma correta?
Tudo ao seu tempo.
... e isso foi a resposta ou um adiamento?
Ambos."

E afasto a caneta do papel, já preenchido por alguns riscos negros. Onde três mascarás sem expressões ficarão por sua breve eternidade.

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