Ele lia, ouvia e via. Lia Jabor [o Arnaldo]. Ouvia Cunha [o Éverton]. E via Casanova [o de Fellini]. Tudo o fazia pensar o que não era, onde não estava, a época a qual não pertencia. Assim como foi todo o ano que se passara, algo havia se perdido em um passado não tão distante, que mesmo ainda sendo o mesmo, já não o era. O mundo colorido, por opção era cinza, e por algo ainda inexplicável, estava preto e branco.
Não, não são as infinitas possibilidades existentes entre essas duas cores [ou não cores] que lhe tingiam a vista, era apenas o vazio e o cheio, o tudo e o nada, o mais escuro preto, e o mais cintilante branco.
E era pior do que a morte.
Subitamente, pois diferente não poderia ser, aconteceu. A Epifania. Pietro, este Pietro, estava acostumado com epifanias, elas faziam parte da sua vida desde sempre. Mas esta, era estranha, tudo pareceu se encaixar, o universo fazia sentido. As linhas, os sons, as imagens, tudo isso fazia um ballet de significados tão presentes e tão distintos que nada estava acima ou abaixo deles.
Foi sensação mais maravilhosa do mundo, sublime, egocêntrica, megalomaniaca, simples e bela.
Foi ao jardim, olhou as estrelas, pensou:
"Que grande merda, já foi tarde sua porcaria de ano. Boa noite estrelas, adorei sua companhia."
E voltou a ler Jabor, ouvir Cunha e ver Casanova, e tudo agora fazia sentido.
2 comentários ébrios:
É, eu vi Casanova também. Achei que só eu estava acordada aquela hora vendo filme do dia 30 pro 31.
E esse "Remaura-te"? Tu só me lisonjeia, minha flor da Groelândia.
Ora minha cara, foi uma relez usurpação de expressão. Mas fico feliz que tenha lisonjeado-lhe-a.
Também estava vendo o filme? Como acaba? eu não vi o final.
Há algo mais, mas não aqui.
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